O que o diário de tom riddle tem a ver com política?

Se você leu Harry Potter apenas uma vez na vida, especialmente quando ainda era criança ou adolescente, pode ter deixado passar algo essencial no segundo livro: a trama política.

Ao reler Harry Potter e a Câmara Secreta depois de adulta, notei uma trama que não parecia estar ali antes e que passou despercebida para mim na primeira leitura e em todas as vezes que assisti ao filme: uma trama política envolvendo Arthur Weasley e Lucius Malfoy.

Em meio a toda ação com basiliscos, petrificações e o trio de ouro tentando parar as ações de Voldemort mais uma vez, estava uma rusga política que rendeu todo o livro.

Se não fosse pela oposição de Arthur e Lucius, a história não teria acontecido. Já tinha percebido isso?

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Na história, Arthur Weasley é um funcionário do Ministério da Magia e o trabalho dele é investigar o uso de magia em artefatos dos trouxas.

Durante os acontecimentos iniciais de A Câmara Secreta, Arthur está envolvido em uma série de batidas, ou seja, revistas surpresa na casa de pessoas que podem ter em sua posse artefatos trouxas enfeitiçados ou artefatos suspeitos.

Arthur também é autor de uma lei de proteção aos trouxas, que está tramitando no Ministério da Magia e promete tornar mais severa a punição para quem fizer algo contra trouxas.

Uma lei que Lucius Malfoy não gosta nem um pouco.

Lucius vem de uma família tradicional, é rico, influente e já foi (é) um comensal da morte. Isso quer dizer que ele possui objetos que não deveria possuir e que uma lei de proteção aos trouxas mais severa é uma pedra no seu sapato.

Então, Lucius resolve tomar uma providência, como mostra a citação da página 40 do livro:

“- Não vou comprar nada hoje, Sr. Borgins, vou vender.

– Vender?

– O senhor ouviu falar, é claro, que o Ministério está fazendo mais batidas. Tenho em casa uns, ah, objetos que poderiam me causar embaraços, se o Ministério aparecesse…

– O Ministério não ousaria incomodá-lo, não é, meu senhor?

– Até agora, não me visitaram. O nome Malfoy ainda impõe algum respeito, mas o Ministério está ficando cada vez mais intrometido. Há boatos de uma nova lei de proteção aos trouxas; com certeza aquele bobalhão pulguento, apreciador de trouxas, Artur Weasley, está por trás disso…”

Em resumo, Lucius precisava se livrar das posses criminosas e manchar a reputação do Arthur. E como ele faz isso? Fazendo a Gina cometer crimes.

Quando as duas famílias se encontram na Floreios e Borrões, Lucius devolve o caldeirão da menina com um objeto a mais dentro, o diário de Tom Riddle.

Uma vez na escola, o diário de Tom Riddle possui os pensamentos de Gina, forçando a menina a liberar o basilisco e petrificar seus colegas.

E o plano genial de Lucius passaria despercebido por mim, e pela maioria dos leitores, se não fosse essa citação do Dumbledore na página 219 de A Câmara Secreta:

“- Um plano engenhoso. Porque se o Harry aqui e seu amigo Rony não tivessem descoberto este livro, ora, Gina Weasley teria levado toda a culpa. Ninguém teria sido capaz de provar que ela não agira por livre e espontânea vontade…

O senhor Malfoy ficou calado. Seu rosto se repente se transformara em uma máscara.

– E imagine o que teria acontecido então… Os Weasley são uma de nossas família puro-sangue mais importantes. Imagine o efeito que isso teria em Arthur Weasley e na sua lei de proteção aos trouxas, se descobríssemos que sua própria filha andava atacando e matando alunos nascidos trouxas… Foi uma sorte o diário ter sido descoberto e as memórias de Riddle apagadas. Caso contrário, quem sabe quais seriam as consequências…”

No final das contas, percebemos que Lucius tentou incriminar a filha do Arthur Weasley porque se as pessoas, e o Ministério da Magia, descobrissem que era ela quem estava matando nascidos-trouxa na escola, a reputação do Arthur iria por água abaixo, fazendo com que sua lei fosse engavetada.

Assim que eu entendi exatamente o que estava acontecendo, me peguei muito impressionada.

Parecia uma ousadia extrema adicionar uma trama política em um livro infanto-juvenil, ainda mais porque se não fosse essa rusga não haveria história.

O diário de Tom Riddle nunca voltaria para Hogwarts e Harry teria um ano tranquilo. Interessante!

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