O labirinto do Fauno: explicação do simbolismo

O Labirinto do Fauno, lançado em 2006, é uma obra fantástica dirigida por Guillermo del Toro.

A história conquistou o público por contar a jornada trágica de Ofélia, uma garotinha que vive na Espanha dos anos 1940 e embarca em uma aventura de forte simbolismo.

O filme usa de diversas simbologias para contar sua história e subverte completamente o gênero dos contos de fadas. A história traz a jornada típica do herói, mas termina de maneira trágica e traz picos violentos.

Neste artigo, vamos conversar sobre os símbolos e representações trazidos no filme. Se você estava buscando por “O Labirinto do Fauno explicação“, achou o resultado aqui!

Impressões sobre o livro “O Labirinto do Fauno”, da Cornelia Funke

Sobre o que é o filme “O Labirinto do Fauno”?

Em O Labirinto do Fauno, acompanhamos a nova fase na vida de Ofélia e sua mãe, Carmem.

Viúva de um alfaiate, pai de Ofélia, Carmen se casa novamente com o Capitão Vidal. Ele é um homem cruel, autoritário e de grande poder. As duas viajam para a propriedade do Capitão no interior para que Carmen dê à luz.

A mãe de Ofélia está com uma grávida avançada e Vidal quer ver o filho nascer.

Chegando à propriedade, Ofélia encontra um mundo mágico escondido sob as tristezas da Espanha pós-guerra civil e tomada pelo fascismo.

Em uma de suas aventuras pelo terreno, a menina conhece um Fauno, um ser mitológico que diz que ela é a Princesa Luna, que está sendo esperada pelos pais no Reino Subterrâneo.

Ofélia começa, então, a realizar tarefas para o Fauno, tarefas estas que deverão restaurar o seu direito de voltar ao reino prometido para viver com seus pais.

Para a menina, isso resulta em encontros com criaturas mágicas e assustadoras, tensões com a mãe e com o Capitão Vidal, além do testemunho direto da guerra que assola o país.

O Labirinto do Fauno: explicação dos símbolos da trama

Um dos aspectos mais interessantes da trama, e que inspirou este artigo, é a clara inspiração em simbologias pagãs para contar a história.

Guillermo del Toro nunca chegou a confirmar ou negar as teorias sobre a presença dessas simbologias na trama, mas é impossível negar que as criaturas presentes e o visual de O Labirinto do Fauno tenham raízes na mitologia pagã celta.

Abaixo, você vai conferir os principais pontos em que esse paralelo aparece:

O Deus de Chifres

No simbolismo pagão, seja ele qual for, desde o grego até o celta, o fauno é a representação de um deus que protege as florestas, ele é o espírito das matas conhecido por diversos nomes como Pã, Dionísio, Cernunnos, etc.

Essa criatura é metade homem e metade bode, normalmente tendo pés e chifres caprinos num corpo humano. Esta também é a representação do Deus de Chifres, o que fica a cargo da caça.

A importância da Lua

Nós também temos uma importância muito grande da lua em O Labirinto do Fauno. Na mitologia pagã celta, a lua é a extensão do poder e da personalidade da Deusa Mãe.

No simbolismo pagão, as fases da lua estão diretamente ligadas à fase da vida da deusa e, consequentemente, de todas as mulheres. O que também tem uma forte ligação com a menstruação, já que os ciclos da lua duram cerca de 28 dias, assim como o ciclo menstrual.

Na mitologia pagã, a lua crescente representa a donzela, quando a mulher é jovem e cheia de potencial; a lua cheia representa a mãe, quando a mulher exala fertilidade; e a lua minguante representa a mulher sábia, uma versão mais velha e cheia de experiência.

Também existe a ideia da deusa obscura, da face representada pela lua nova, quando a mulher é esquiva e perversa, uma face que fica escondida de todos, mas que sempre pode aparecer.

Na história, nós temos a representação dessas três fases da lua nas três protagonistas: Ofélia como a donzela, Carmen como a mãe e Mercedes como a sábia. Inclusive, Ofélia é chamada pelo Fauno de filha da lua e tem uma marca de nascença em forma de lua crescente.

São as fases da lua também que regem a história. O Fauno alerta Ofélia dizendo que ela seu tempo está chegando ao fim, pois a lua está quase em sua fase cheia.

A luta entre o Deus de Chifres e a Deusa Mãe

A trama principal da história gira em torno de Ofélia conseguir manter sua mãe viva, e isso pode ser muito bem representado pela luta entre o Deus de Chifres e a Deusa Mãe.

O período do ano, na mitologia pagã celta, se divide entre os reinados da Deusa Mãe e do Deus de Chifres, representados pelas estações do ano. Ela fica com o verão e a primavera, enquanto ele reina no outono e o inverno.

Esse é um acordo entre eles e quando chega o momento de um assumir, o outro deve morrer. Por isso, temos o outono e a primavera como estações de passagem, quando o calor começa a desaparecer e o frio começa a surgir.

Nesse sentido, temos duas figuras que claramente são as representações da Deusa Mãe e do Deus de Chifres na história: Carmen e o Fauno.

E à medida em que a história caminha, vamos percebendo como a saúde de Carmen vai definhando, enquanto o Fauno vai ficando cada vez mais forte. Ou seja, conforme a mãe vai ficando mais fraca, o pai vai ganhando força.

O Labirinto do Fauno: explicação sobre o uso do sagrado feminino na trama

Algo importante a se notar na história também é a importância das personagens femininas, cada uma em sua individualidade, e a força que a figura feminina tem.

São as mulheres, e sua influência, inclusive, que carregam a trama.

A primeira delas que conhecemos é Ofélia, representando a face donzela da deusa, como já vimos. Ela é uma menina jovem que acredita em uma visão mais bonita do mundo.

Ofélia devora livros e questiona as escolhas da mãe o tempo inteiro porque não entende as necessidades do mundo adulto.

Já Carmen é uma mulher adulta que está vivendo a gravidez pela segunda vez.

Ela é a representação da mãe na história e vemos sua força quando ela faz de tudo para manter sua gravidez e quando cuida de Ofélia da maneira como sabe.

Viúva, pobre e sozinha, Carmen fez escolhas que a deixam segura na sociedade desigual de 1940 e na sociedade fascista onde vive. Não são escolhas felizes, mas são as melhores escolhas para seus filhos.

A terceira mulher essencial na trama é Mercedes, governanta da casa e a representação da face sábia da Deusa Mãe.

Embora aparente ter a mesma idade de Carmen, Mercedes tem uma abordagem muito sábia em seus atos. É ela quem governa a casa do Capitão Vidal, mas também quem mantém vivos os rebeldes na floresta.

É Mercedes quem também aconselha e cuida de Ofélia enquanto Carmen está doente.

O útero na primeira tarefa de Ofélia

O sagrado feminino também aparece na história como simbologia na primeira tarefa de Ofélia.

A menina precisa adentrar em uma árvore doente na floresta, matar o sapo que está lá dentro sugando a vida da árvore e trazer uma chave para o Fauno.

Pelo viés da representação, na ótica de Ofélia, a árvore é o útero de Carmen e o sapo que está sugando a vida da árvore é seu irmão. A árvore, inclusive, tem a aparência de um útero. Ela está úmida na parte interior e se tornou a habitação de um ser.

Assim como o útero de uma mulher grávida.

Estas foram apenas algumas das representações e simbologias que podem ser encontradas em “O Labirinto do Fauno”. Você já tinha percebido? Encontrou mais algum que não está incluído neste artigo? Deixe nos comentários!

Espero que este artigo tenha respondido sua busca por “O Labirinto do Fauno Explicação”!

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